sábado, 25 de outubro de 2008

Segredo

- Sabe, Samael. Ultimamente eu ando confuso e abarrotado de problemas.... pessoais, financeiros, de saúde...

- Bah! Mas a vida no século em que tu vives é assim, Jefferson. Já deverias estar acostumado.

- Sim, é normal. Mas parei pra pensar, a grande maioria das coisas sempre acabam sem sentido.

[sussurros]
"O inevitável ciclo da vida nessa sociedade se consiste em:
nascer obrigatoriamente
ser educado
ir à escola
adquirir conhecimento
trabalhar
saber onde investir
mas para que?"

- Pois é, meu jovem Jefferson. Tua percepção desiludida compreende que tudo é superficial neste mundo, conheces bem a verdade sobre este amontoado de pessoas ao teu redor.

- Não, Samael. Embora pareça, a realidade é que nem tudo é simplório nesse mundo.

- Sobre o que estas falando, meu caro?

- Sobre um sentimento. Não só um instinto animal, mas esse sentimento é a base de todo o universo. É o que da sentido à vida, a única coisa.

- Interessante. E que sentimento seria este, pequeno Jefferson?

- O amor.

[sussurros]
"O que invade a alma e devasta o interior
O que aquece sem queimar
Motivação para um sofrer infinito
Sem recompensa e sem remuneração
A beleza mais pura e desgovernada
O que é sentido sem perceber
E é aluido logo que nos consome"

- Por isso dormimos, amigo Samael.

- Por causa do amor?

- Sim! E por isso comemos!

- Comer por causa do amor, menino Jefferson?

- Exato! E é por isso que sorrimos e dançamos!

- Que?! Tu danças para o amor?

- Evidentemente... Vivo para o amor... Vivo para o meu amor... É o que me trás à vida...

[sussurros]
"Uma paixão correspondida pode motivar o coração humano à ser melhor.
sorrisos
uma prece
palpitação
olhos nos olhos
perfume
talvez nunca fale
para as asas da harmonia
caminho celeste"

- Não sonhes assim, querido Jefferson. Teu nome não tem significado, tua essência logo se desprenderá deste mundo físico e o que restará para aqueles que ficarem será apenas lembranças de tua existência.

- Sou ciente da morte, companheiro Samael. Por isso viverei o certo, e agora, para nunca me arrepender das promeças que fiz e dos intentos à cumprir.

- Serás bem pago quando fores, tens belos propósitos.

- Não, apenas sei como usufruir das palavras...

- Que segredo... rsrsrs

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vingança Sangrenta

Satoru Konno era um garoto disciplinado e inteligente, vivia para os estudos. Bem centrado, almejava seguir carreira de engenheiro aeronáutico e viajar para seu país de origem. Os pais, Hiroshi e Fuyuki, se orgulhavam das excelentes notas de seu único filho, que cursava a quinta série. De fato uma família rara e de convivência invejável, em doze anos de casamento nunca houve uma briga séria.
A rotina matinal de Satoru era acordar todos os dias antes da alvorada, se arrumar e ir ao colégio Escola Viva, que se localizava á três quadras de sua moradia. Pelo caminho o garoto encontrava vários outros alunos, porém não gostava de nenhum deles. Tinha uma imensa dificuldade em fazer amigos por conta de sua descendência nipônica e com freqüência se tornava alvo de zombarias pelo nome estrangeiro. Além disso, talvez sua maturidade e natureza séria também afastassem-no dos outros meninos, no entanto isso não seria incômodo para ele.
A família Konno era bem sucedida nas finanças, morava num apartamento luxuoso na Vila Olímpia, um bairro famoso da zona oeste de São Paulo. Hiroshi Konno ocupava um bom cargo na Symantec, era programador de softwares. Quanto á Fuyuki, administrava a mesma empresa. O salário de ambos era mais que suficiente para atender todos os caprichos familiares e ainda bancar os estudos do garoto.
Um casal católico, seguia assiduamente os costumes da igreja. Sempre compareciam ás missas de domingo. Toda páscoa se reuniam para a celebração e comiam ovos de chocolate. Na quaresma oravam e ofereciam esmolas aos indigentes. É evidente que naquela noite não seria diferente.
Era um domingo e eles estavam em casa. Cristina, a empregada doméstica, passara parte da tarde montando o belíssimo pinheiro artificial que iluminaria a madrugada. Inúmeros pisca-piscas adornavam o ambiente, a guirlanda foi posta no lado de fora da porta e a mesa era exageradamente farta. Ainda faltavam duas horas e alguns minutos para a meia noite – horário em que seria permitido comer – Satoru, assim como qualquer criança de sua idade, mal podia esperar para tocar a sobremesa, um pavê de morangos com suspiros que Cristina preparara reclamando.
– Isso eu fiz pra depois da ceia, menino! – a empregada o repreendia diversas vezes durante a noite. O garoto consentia com a cabeça e se controlava para não avançar sobre o doce antes da hora.
Hiroshi procurava na mini-adega por champanhes de qualidade, queria brindar por mais um natal feliz comemorado em família. Olhou alguns instantes mas, analisando bem, percebera que não havia nada de seu gosto.
– Irei ao mercado comprar bebida, volto logo. – disse o pai, passando a mão na cintura e retirando do bolso a chave do carro importado. A empregada se manifestou ante a atitude do patrão. – Não se preocupe, senhor, deixe que eu mesma vou até lá e trago o champanhe.
– Não, Cristina. – Retrucou ele, já de saída. – É perigoso andar sozinha á essa hora, e você já fez muito por hoje, está na hora de um de nós demonstrar alguma gratidão por isso.
Cristina era uma garota jovem, com dezenove anos, de olhos claros e cabelos lisos. Não sabia lidar com elogios, tampouco críticas, mas ainda sim gostava de ser prestativa em tudo independente do dinheiro. Ficara de face rubra ao perceber o sutil sorriso do patrão para ela.
– Pai! Pai! – Exclamou Satoru antes que Hiroshi tivesse chance de fechar a porta. – Posso ir com o senhor?
– Não, filho, voltarei rápido, espere aí com sua mãe e Cristina. – o garoto tornou a face numa carranca de lamúria, mas não chorou. – Até daqui a pouco. – o pai fechou a porta da sala e saiu até o estacionamento. Mas aquela noite Hiroshi não voltara para casa, fora a última vez que Satoru viu seu pai.
Na manhã sucessora ao desaparecimento do senhor Konno, sua esposa Fuyuki recebera a notícia da polícia sobre seu marido. O que temíamos aconteceu. O corpo foi encontrado morto á facadas, boiando sob a ponte Engenheiro Ari Torres. Tal tragédia abalara a mãe de forma que esta acabou entrando em profunda depressão. Não podia se deixar abater, pois teria de educar o filho sozinha.
Meses difíceis para o que restou da família Konno. Fuyuki passou a freqüentar um psiquiatra, sofria de insônia e era incapaz de se alimentar. Se forçasse ingerir algo, logo regurgitaria tudo. A falta de disposição e a constante visita ao doutor levou a viúva á perder o emprego, mas ela nem sequer chorou pelo trabalho, não tinha mais motivação para existir.

Cinco anos se passaram após a morte de Hiroshi. Estranhamente, o assassino nunca fora encontrado. Devido a ruína emocional de Fuyuki, Satoru teve de aprender a lidar com a decadência financeira. O apartamento luxuoso da Vila Olímpia fora vendido e, com o dinheiro, compraram um pequeno sobrado em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo. Não tiveram escolha quanto á Cristina, despediram-na.
Graças ao apoio do filho, a mãe desamparada recuperou a motivação e superou a perda do marido. Aos poucos retomaram o controle de suas vidas, as dívidas foram pagas e Fuyuki, por incentivo de seu maturo filho, passou a sair á procura de um novo amor. Desta forma, Lúcio Amaro cruzara sua existência.
Embora Satoru já estivesse acostumado com a freqüente presença do futuro padrasto em sua casa, as noites de natal nunca mais seriam como de costume. Aquela era a primeira noite natalina em que Lúcio passaria junto á eles, o rapazote louro provia de um brilho acentuado no olhar cor de mar. Chovia forte durante o entardecer, a nostalgia invadiu o quarto de Satoru. Sua mente passava uma retrospectiva dos acontecimentos do natal de cinco anos atrás.
O rapaz jazia na cama, encolhido sob as cobertas. Não tinha ânimo para descer á cozinha e comemorar aquela noite, não via motivos para isso. Pela janela observava os relâmpagos assustadores que a tempestade trazia. Tentou dormir, quase pegava no sono, mas um raio caíra perto e fê-lo abrir os olhos espantado. A luz do abajur se apagou, a casa ficara sem energia elétrica.
“Mal presságio”, pensou Satoru. Um leve receio importunou-o, até decidir ir buscar o abraço da mãe. Desceu do leito e rumou á cozinha. Os trovões intensificavam á cada momento. Ao cruzar o corredor até as escadas, ouviu um grito esganiçado. “Mamãe!”. O garoto passou pelos degraus em tropeços e, ao chegar na sala, defrontou uma grande sombra na janela. Um calafrio brotou em sua coluna, subindo até a nuca.
- Quem é você? – Gaguejou o jovem de dezessete anos. A sombra ficara muda. Os relâmpagos na noite chuvosa tornavam tal vulto ainda mais obscuro. Satoru tardou á aborda-lo novamente, ao qual lhe respondeu de rouca e sarcástica voz, – Eu sou o Papai Noel. – seguida duma gargalhada sinistra.
Um brilho prateado fora reconhecido em meio a escuridão, a sombra empunhava uma faca. Em pânico, o garoto correu sem direção pela casa. Onde estavam a mãe e Lúcio? Ele não sabia. Foi encurralado na cozinha, tentou sair pela porta dos fundos, mas estava trancada. Pensou em se esconder sob da mesa, seus olhos vertiam lágrimas de desespero. Ao levantar a toalha para entrar no esconderijo improvisado, levou outro susto, ainda pior. Encontrara Lúcio e sua mãe, ambos mutilados pela faca da sombra demoníaca, o sangue de ambos espargia por toda a parte.
O monstro finalmente alcançara Satoru, agarrando-o pelos braços. Não compreendia o motivo da carnificina insana, mas o pavor era tanto que as palavras todas fugiam. Ante o choro mudo do garoto, a sombra comentou. – Sua mãe é uma traidora e mereceu a morte. O homem junto á ela é um oportunista e também mereceu a morte. Quanto a você, meu filho, incentivou toda a traição, portanto também morrerá.
A tempestade cessou e o luar iluminou os sapatinhos na janela, a guirlanda presa á porta, os presentes sob o pinheiro artificial e os corpos estripados, besuntados em sangue. A brisa pós chuva era fresca e balançava os sinos dourados nas casas vizinhas, enquanto o relógio marcava cinco minutos para meia noite e as pessoas do mundo todo esperavam ansiosos para desejar um Feliz Natal.


(Samael, Lua Vermelha)

domingo, 28 de setembro de 2008

Pensamento:

A pressa é inimiga da conexão
Amigos, amigos, senhas à parte.
Clicar e teclar, é só começar!
Dedo mole em tecla dura, tanto bate até que acostuma!
Devagar se vai a modem!
Diga-me que sites freqüentas e te direi quem és!
Em briga de namorados virtuais, não se mete o mouse!
Em casa de programador, o espeto é de fibra ótica!
Hacker que ladra, não morde!
Mais vale um arquivo no pc do que dois baixando…
Mouse sujo se limpa em casa!
Não há nada como um clique após o outro!
Quando a esmola é grande, o santo desconfia (que veio algum vírus anexado!)
Quando um não quer dois não teclam!
Quem ama um 486, Pentium 4 lhe parece!
Quem com vírus infecta, com vírus será infectado!
Quem é vivo sempre fica on-line!
Quem não tem banda larga, caça com modem!
Se Maomé não vai até a montanha, ela envia um e-mail…
Tendinite pouca é bobagem!

Um é pouco, dois é bom, três é chat!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Estagiaaaando... ><'

Aquela manhã parecia costumeira para o estagiário Samael. Após recolher o molho de chaves na gaveta do "Poderoso Chefão", tomou o rumo do almoxarifado da escola, seu local inusitado de trabalho. Pôs sua mochila adornada de chaveiros sobre uma das cadeiras ali presente e dirigiu-se para a sala da coordenação para verificar suas tarefas do dia. Percebeu que havia marcado apenas um aparelho de som para ser levado à classe número onze.

Com o aparelho em mãos, o garoto Samael subiu os quatro lances de degraus que conduziam ao seu destino. Instalou o rádio rapidamente e logo saiu, retornando ao almoxarifado. Aparentemente não havia nada para fazer, portanto o computador foi ligado. Um Windows XP com pouca memória tornava tudo muito lento, mas a paciência sempre foi um dos maiores dons do jovem estagiário.

Esperou pensando nos próximos capitulos de sua história, enquanto o sistema operacional da maquina era iniciado. Apesar de cursar eletrônica, Samael era um adorador da arte da escrita. Seus poemas e textos costumavam não ser tão bons quanto os de sua recém amiga Aziel, mas mesmo assim ele continuava tentando. Possuia uma "fanfiction" cuja história era inteiramente dedicada à sua ex-namorada, Morgana.

Enfim, o estagiário usava a internet, quando ouviu um toque á porta. Num susto, olhou para trás bruscamente. Um homem de pele clara cumprimentou-o. Era um dos professores da escola, ensinava biologia. Aproximadamente da mesma altura de Samael, provia de olhos claros e rosto barbado. O rapaz precisava de uma TV e um aparelho de DVD.

E assim foi, o estagiário Samael, em busca da solução para o pedido feito. Subiu novamente os quatro lances de degraus, retirou sofridamente a estante com os equipamentos eletrônicos e levou-os à sala solicitada. Ao cumprir sua "missão", o garoto retornou ao seu local de trabalho. Sentiu-se um tanto cansado pelo esforço de empurrar os instrumentos e por ter descido as escadas muito rapidamente. Respirou fundo. Abriu seu blogspot e iniciu uma narrativa sobre todo o seu dia até aquele momento...





Autoria: Lord Samael ... [falta de criatividade gera postagens deste tipo]

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Lordof

Tu estás encurralada e acuada
Enclausurada entre muros de concreto
Casta dos prazeres mundanos

Os alguns procuram privar-te
Da tua própria existência peculiar

Salva a ti mesma enquanto há tempo
Quebra, em teu promíscuo presente,
As paredes que te envolve e sufoca

Nunca serão de tão belas as palavras
Apreciadas pelas almas livres

Somos todos de corpos passageiros
Esperando a inevitável decadência
Portanto, devemos viver para nós mesmos




Autoria: Lord Samael

domingo, 15 de junho de 2008

Miragem

...

As partículas espalharam-se ao solo...
Tua pele como areia cristalizada...
Reluzia, tornando alva toda superfície
Teu rubro olhar faziam-me em pânico

Aos poucos teus grãos arenosos
Tomaram forma completa inumana...
Tentáculos cristalinos agarraram-me
Impediram minha fuga...

Procurei ajuda...
Gritei profundamente
Perdi o fôlego...
Amaldiçoei-te...

...


Autoria: Lord Samael

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Entre Eras

Noutrora pensamento
Noutrora só palavras

Eram épocas de dias claros
Vivências póstumas irreverentes

Agora...

Terra desabitada
Fria e lamuriosa

Perante Deus, sinto minha imparcialidade
Projeto sombras nas gélidas paredes

Eu não temo a morte
Eu não estou preso á vida
O que mantem minha existência
É tua alma humana junto a mim
...



Autoria: Lord Samael

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Capa Dura

"Aziel diz sobre humanos...
As pessoas são como os livros...
Suas capas são todas duras
Mas de páginas tão frágeis...
Tão reprimidas ao toque...

Escrever faz-nos abrir nossa alma
Mostrar os sentimentos em relação ao mundo...

Já tentei, mas não consigo
Viver por existência deturpada
As palavras me fogem
O mais perfeito é aquele
Que não pensa ao escrever versos...

Desconhecidos uns aos outros e perdidos ao escuro
Medo de conhecerem o teu mundo através de tuas palavras...

Faz uma semana q penso,
Mas nada é simples pela vida...
Humanidade decadente...
Escrevo... Espero..."





Autoria: Lord Samael e Lady Dani